sábado, 3 de dezembro de 2011

Data da defesa

Depois de muita correria e poucas horas de sono, o meu Trabalho de Conclusão de Curso foi entregue à coordenação do curso! Nem consigo acreditar, há uns três meses eu estava com um medo imenso de não ter tempo suficiente para concluir tudo. Mas deu certo.

Tive alguns problemas para marcar a data da defesa, mas consegui agendá-la para o último dia.

Todos os que tiverem interesse em assistir estão convidados...

A defesa do meu livro-reportagem será no dia 16/12/11, às 16h, na Sala Aruanda do Departamento de Comunicação da UFPB.

domingo, 27 de novembro de 2011

A bênção do personagem

É muito gratificante quando escrevo uma matéria no jornal e depois recebo um email ou ligação do entrevistado dizendo que gostou ou de algum leitor, comentando como aquela informação foi útil. Óbvio, um elogio é sempre bom, porém não se trata apenas de massagear meu ego, mas de dar um retorno do trabalho que eu tento prestar da melhor maneira possível.

O livro-reportagem Turva Água, Turva Mágoa, enfim, chegou às mãos do seu verdadeiro dono: Políbio Alves, o dono da história. Neste sábado fui à casa dele para entregar, mas terminei deixando na portaria do prédio porque ele não estava. Hoje pela manhã ele me ligou.

Políbio disse que passou a madrugada e a manhã lendo o livro (leu duas vezes!) e que tinha gostado muito e se emocionado também. Uma afirmação sua me deixou excepcionalmente feliz, ele disse que meu livro foi a coisa mais simples, bela e completa que alguém já escreveu sobre ele. Ele também elogiou o projeto gráfico, a escolha das fotografias, a divisão dos capítulos.

Fiquei, claro, muito feliz com a ligação dele! Um elogio vindo de uma pessoa tão culta e crítica fez o meu domingo mais feliz, sem dúvidas. Mas o que gostei mesmo foi e ouvi-lo dizer que eu consegui captar a essência de tudo, da vida, da obra e da ligação entre elas. Isso sem dúvidas foi o melhor, pois vindo do personagem, é a constatação de que o livro-reportagem cumpriu o seu papel. Políbio conseguiu enxergar a si próprio no meu texto.


Em tempo:

Ainda não depositei o TCC na coordenação do curso, o prazo é até 30/novembro. Estive durante a semana escrevendo o relatório técnico que somos obrigados a fazer quando fazemos um produto ao invés de monografia. Hoje concluí e enviei para o orientador, Thiago, ler e corrigir. Pretendo estar entregando tudo na terça-feira. A data da defesa ainda não está fechada, mas é certo que acontecerá até o dia 14 de dezembro.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Enfim, impresso!

(Alguns exemplares em foto de Maria Livia Cunha, do blog www.cincojantares.blogspot.com)


A segunda-feira trouxe uma boa notícia: os livros estão prontos!


Entrei em contato com a Livro Rápido pela manhã e eles informaram que os exemplares já estavam a minha disposição. Foi muita sorte isso acontecer hoje, pois pude aproveitar que Maria Livia estava em Olinda para pegá-los já que a gráfica fica lá. E assim ela o fez. Só vou poder vê-los amanhã e a ansiedade está grande.


Vejam que imprimir um livro não é uma coisa barata de se fazer. Paguei R$ 628,84 por 20 exemplares, apenas. Desses, só vou receber 17, pois 3 ficam retidos na Biblioteca Municipal do Recife, onde foi feito o registro dos direitos autorais. Sim, meu livro existe de fato e de direito e foi registrado no sistema International Standard Book Number (ISBN), sob o código 978-85-406-0135-2.
Muita gente tem perguntado como fazer para adquirir o livro. Bem, isso é uma questão mais delicada. A priori, imprimi poucas cópias apenas para levar para a banca da universidade, entregar a alguns outros professores e ao próprio Políbio, claro. Vou, com toda certeza, fazer uma tiragem maior. Preciso só me organizar financeiramente para isso, porque quem vai bancar sou eu. Aviso que no final de dezembro/início de janeiro vou começar a pré-venda do livro pela internet, pois acho mais fácil que vender de porta em porta e possibilita também que pessoas de outros estados adquiram.


Enquanto isso, adianto que sortearei um exemplar dessa primeiríssima tiragem pelo Twitter/facebook. Depois explico como!


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Encerramento do Ano Cultural

Às 15h desta sexta-feira (18) aconteceu na Estação Cabo Branco a solenidade de encerramento do Ano Cultural Políbio Alves. Medalhas foram entregues aos alunos que se destacaram entre as várias atividades desenvolvidas ao longo de todo o ano, que incluíam música, teatro e poesia, dentre outras manifestações artísticas. Mais de 70 mil estudantes da rede municipal de ensino participaram do projeto.


Políbio me avisou do evento ontem, mas eu infelizmente não pude comparecer. Vejo com muito bons olhos essa iniciativa da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de João Pessoa. É certo que já houve outras edições do projeto homenageando outras figuras (José Lins do Rego, Ariano Suassuna, Sérgio de Castro Pinto, Zé Ramalho), mas acho que nenhuma foi tão produtiva e com tanto contato entre o homenageado e os alunos.


Sou testemunha da dedicação que Políbio, aos setenta anos, prestou ao Ano Cultural. Ele visitou por diversas vezes todas as escolas do município, sempre interessado no andamento das atividades, palestrando, conversando com professores e alunos. Também sei do seu entusiasmo e esperança com as crianças e adolescentes que conheceu ao longo do ano.


Espero que a prefeitura continue apostando em projetos dessa natureza, que vislumbram a escola não apenas como um depósito de jovens, mas como um ambiente formador de cidadãos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Turvas Mágoas"



Aqui vai o comecinho da parte inicial do livro - a apresentação:


João Pessoa é a terceira capital mais antiga do Brasil, fundada em 5 de agosto de 1585. Ao contrário do que ocorreu em outras cidades nordestinas, os primeiros habitantes dessa terra não se estabeleceram junto ao mar. Sua origem se deu às margens de outras águas, mais turvas e menos espumosas que as do Oceano Atlântico: as águas do rio Sanhauá.

Índios, europeus e africanos passaram a conviver nas bordas desse veio d’água, nomeadas de Varadouro – o que viria a ser o primeiro bairro de João Pessoa. Qual um fluido amniótico, o Sanhauá nutriu esse chão germinando uma cidade: a capital da Paraíba, onde eu nasci.

Aqui também nasceu – porém bem antes de mim – um poeta, Políbio Alves dos Santos, que fez do Sanhauá o herói mítico de sua obra Varadouro, livro-poema publicado em 1989. Nele, o escritor traça os fatos históricos que se passaram por aquele córrego, mas também lança um olhar singular à região que serviu de ventre para o nascimento da cidade.

Seu livro não se limita ao alinhavo tradicional das edições didáticas. Traz mais que isso. Varadouro é o registro poético da alma de um bairro, com seus fantasmas, becos e pedras. Uma ode aos escombros da velha cidade que o poeta foi obrigado a deixar na juventude para tentar uma vida mais próspera no sudeste do país.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A CAPA (definitiva)

Enfim, autorizei a primeira tiragem do livro!

Hoje foram feitos os últimos ajustes na diagramação, fiz o pagamento (50% do total) e liberei a impressão.

Estou muito satisfeita com tudo. De vez em quando abro o arquivo para dar uma olhada. Coisa de mãe mesmo...

Mas não tenho mais coragem de ler, porque certamente encontrarei erros. Só vou ler quando já estiver impresso, aí não tem mais volta, mesmo que eu encontre algo para alterar.

Eu havia dito que faria surpresa com a capa (que foi posta em votação aqui), mas não me aguento de ansiedade e terminei mostrando ela para dois amigos no jornal. Agora já era, vou divulgar.

A votação das capas, assim como a enquete sobre o nome do livro, não foram decisivas. Não fiz contagem de votos. Escolhi, no final as opções que eu gostei mais, porém a opinião de todos serviu para eu ir analisando, filtrando e me decidindo, por fim.

Obrigada a todos que têm interagido aqui ou pelo facebook!




Uma curiosidade:


A foto que está na contra-capa do livro é o piso da Casa da Pólvora. Foi um insight do meu pai, ele pediu e eu tirei a foto. Porém, o fiz sem nenhuma intenção de usar. Depois achei bonita e ela terminou entrando como uma textura aí.


O que acharam?


Aqui abaixo transcrevo o texto que está na contra-capa (ele foi escolhido quase na hora de levar para a gráfica! #Correria):


“A Alfândega e a Associação Comercial, tão próximas à sua humilde morada, simbolizavam um mundo do qual ele era um mero observador. Seus domínios eram outros. Políbio era dono dos becos e ruas do Varadouro. Gostava de subir - com esforço - a íngreme Ladeira de São Francisco, passando ao lado da Casa da Pólvora até chegar ao pátio do convento franciscano. Lá do alto observava o Sanhauá fazendo uma curva, qual um cotovelo. A pé, ia fazendo o caminho de volta.
No comecinho da Rua General Osório – Rua Nova – ouviam-se melodias de Schubert e Brahms saídas das janelas da igreja de São Bento, ao meio-dia. Mais à frente, estava a Basílica de Nossa Senhora das Neves, a catedral. Completando o largo, o Colégio das Neves exclusivo para as mocinhas da cidade.
Políbio apertava o passo até chegar à viela que escorria ao lado do colégio: a Ladeira da Borborema. Para ele era a “Ladeira das Pedras”. Do topo, avistavam-se os cabarés, oficinas mecânicas e cortiços da Cidade Baixa: seu reino. Assim – entorpecido com a cobiça infantil pela aventura – descia a ladeira em desabalada corrida. Cruzava a Rua da
Areia até chegar à Cardoso Vieira, onde parava para recuperar o fôlego e voltar para casa.”


(Fragmento do 5º Capítulo - "O Reino")


domingo, 6 de novembro de 2011

O poeta na praça

Você conhece a Praça Anthenor Navarro? Sim, é aquela com uma fileira de sobrados coloridos. Um cartão-postal da cidade e, atualmente, um lugar que concentra pequenos bares onde rola shows alternativos. Uma boa dica para quem quer experimentar vida noturna sem ser a feirinha de Tambaú ou os bares do Bessa.

Nessa Praça existe um busto de Anthenor Navarro, isso praticamente todo mundo sabe. O que nem todo mundo sabe é que nesse mesmo monumento existe uma placa com alguns versos do poema Varadouro de Políbio Alves. Infelizmente o patrimônio está deteriorado, como muitos outros espalhados pela cidade.


" Nesse remate íntimo

Transnuda-se uma cidade

morta e viva

viva-morta


O Varadouro

ainda pulsa

vive

retrata
veias e o coração

da velha cidade"



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Diagramação: primeira versão



Nessa sexta-feira (4) recebi um email da Livro Rápido com o arquivo em PDF da primeira versão do livro. Foi um momento de muita agitação e felicidade, é incrível ver aquilo que você escreveu tomando forma. Essa primeira "prova" já me deixou bastante satisfeita, fiz sugeri pequenos ajustes, nada de crucial. Quando fui à gráfica, deixei lá uma cópia do livro com todas as especificações que eu queria no layout. Isso foi essencial para a equipe de lá fazer tudo certinho.

De cara, uma coisa me decepcionou: o tamanho do livro. Eu esperava que ele ficasse maior, mas não ficou. Depois, pensando sobre isso, cheguei a conclusão de que é besteira. Eu mesma nunca desmereci um livro pela quantidade de páginas, será que as pessoas vão fazer isso comigo? Já li obras pequenas como A Metamorfose de Kafka e nem por isso achei ser menos digno. Fazendo as devidas colocações: trata-se de um livro bem diferente do meu e, não, eu não estou me equiparando a Kafka, faço apenas uma comparação entre os tamanhos.


Acho que o meu livro cumpre sua função, pelo menos a que eu planejei para ele. Conta a história, o recorte que eu quis dar da vida do poeta. Aliás, acho que não comentei isso aqui. Turva Água, Turva Mágoa é uma "meia biografia", como eu mesma classifiquei. diria que 80% do livro se passa na infância de Políbio Alves, do nascimento aos seus 12 anos, período que acredito ter sido o fundamental para a construção de sua própria obra. Foi nesse espaço de tempo que ele teve contato com a maioria dos lugares e personagens que iria abordar em seus livros.

Posso adiantar uma coisa: as fotos do livro estão show! Sem modéstia nenhuma! Garimpei muitas fotos que estavam guardadas, novas e antigas. Alguns amigos com certeza vão reconhecer algumas... Todas elas são de minha autoria (com exceção das fotos antigas, do arquivo pessoal do personagem).


Vou registrando aqui o desenrolar desse processo de diagramação+impressão. Acredito que autorizarei a gráfica a rodar o livro no início da semana que vem.

***

DICA:

A Livro Rápido é uma boa alternativa para quem quer imprimir um livro em pequena tiragem. Eles fazem a diagramação e se responsabilizam por registrar a obra (ISBN), com uma taxa extra para esses serviços, óbvio.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Uma dose de narcisismo

Este é um post para descontrair um pouco e sair do foco do livro


Olá, essa acima sou eu (para quem ainda não conhece). Essa é a foto que vai entrar na orelha do livro. Junto dela estará minha "grande" biografia de duas linhas: "Cecília Lima nasceu em João Pessoa no dia 11 de agosto de 1990. Cursou Jornalismo na Universidade Federal da Paraíba e é atualmente repórter cultural no Jornal O Norte, pertencente ao grupo dos Diários Associados."


Aqui, entretanto, vou me permitir um instante de vaidade e falar um pouco de mim.


Eu tenho 21 anos e nasci em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, no nordeste do Brasil. Morei dos 8 aos 15 anos em São José do Egito, interior pernambucano e terra do meu pai. Posso dizer, portanto, que conheço tanto o sertão quanto o litoral dessa pequena parte do país. A paisagem que sempre me fascinou, entretanto, nunca foi nenhuma das duas. Desde criança, o que me atraía era a ruína.


E muitas pessoas, entre amigos e familiares, podem comprovar isso. Esse gosto pelo antigo, pelos destroços, por lugares abandonados. Talvez por tudo isso, acredite que tenho uma alma "velha". Para mim sempre foi um deleite andar pelas ruas antigas do Varadouro, Tambiá, Jaguaribe, bairros centenários de João Pessoa.


Este ano conheci Políbio Alves e sua literatura me chamou de pronto. Ali encontrei um escritor que fala de tudo isso. Do glamour decadente dos velhos palacetes, dos armazéns abandonados, dos fantasmas das pessoas que viveram pelas antigas ladeiras da cidade. Passei a investigar sua vida e sua obra e, aos poucos, sem que eu desse por mim, o esboço desse livro já se desenhava na minha cabeça.


Por coincidência, o gênero literário que mais gosto de ler é o romance histórico (História, outra paixão). Depois vêm as biografias. Nesses estilos, gosto muito da escrita de Fernando Morais, Ruy Castro e Domingos Meireles. Todos eles brasileiros e, adivinhem, jornalistas. Percebi que são gêneros que andam de mãos dadas com o jornalismo.


Juntando toda essa influência e, óbvio, com a sorte de ter conquistado um personagem riquíssimo, escrevi meu primeiro livro. Uma biografia, um "romance de não-ficção", como denomina no Jornalismo Literário. Torço para que este livro cumpra seu papel e que depois dele venham outros. As ideias já começam a fervilhar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O parto

Caros leitores,
é com imenso prazer que registro aqui: concluí o livro. Nasceu! É um menino!
A estrutura ficou conforme o planejado: apresentação, 7 capítulos, epílogo.
Depois que eu fizer a primeira tiragem (20 cópias), vou procurar alguém para prefaciar e, aí sim, imprimir a 1ª edição do livro para comercializar.

Na verdade, terminei o livro na madrugada do sábado para o domingo. Desde então, simplesmente não tive nem um minuto livre para postar aqui. Foi muito trabalho de revisão, edição de imagens etc.

Ontem (domingo), meu orientador leu pela última vez o trabalho. Foi um momento ótimo, inclusive pelo lugar do nosso encontro. Como eu estou em Olinda, na casa de Maria Livia (http://cincojantares.blogspot.com), marcamos de nos ver na Livraria Cultura, em Recife.

Thiago me entregou os seis primeiros capítulos corrigidos e leu o restante. Suas observações geralmente se detiveram a "edição" de alguns momentos do livro em que eu incorro na redundância. Também conversamos sobre o 4º capítulo "A FÉ", o mais problemático, que precisou de alguns ajustes.

Mais uma madrugada de trabalho (meu déficit de sono está nas alturas!) e levamos os originais para a gráfica Livro Rápido, aqui em Olinda, nesta segunda-feira (31). Digo eu e Maria Livia, que também levou o Cinco Jantares, feito em parceria com Felipe Ramelli.

Devo dizer que hoje senti um misto de alívio por ter dado tempo, ansiedade para ver como vai ficar a primeira versão do livro (deve ser enviada para aprovação até o final de semana), mas sobretudo de uma imensa felicidade por ver que, com dedicação, consegui terminar o que há alguns meses parecia ser um sonho.

Depois vou postando maiores detalhes.
Quero agradecer a leitura dos amigos que votaram na enquete sobre a capa (surpresa qual vai ser!).
Também agradeço os comentários de pessoas que eu não conheço pessoalmente, mas que deram sua colaboração. Continuem acompanhando!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Capa

Reta final do livro.



Com o conteúdo quase finalizado, surgem outras questões para resolver. A parte gráfica, por exemplo. Eu sou uma nulidade como designer, uso o photoshop porcamente e a maioria das minhas intervenções são feitas no paint. Sim, tenho um nível triste de conhecimentos em programas de edição e não me orgulho disso. É uma vergonha, mas não posso fazer nada para mudar isso em cinco dias.

Dediquei parte do meu exíguo tempo nesses últimos dias para selecionar a foto da capa. Algumas pessoas deram a ideia de postar opções aqui e vou fazer isso (a enquete e os comentários me ajudaram a definir de uma vez por todas o título do livro: será Turva Água, Turva Mágoa).

Quero que vocês opinem sobre as capas, deem sugestões e votem na ideia melhor. Ela provavelmente não vai ficar exatamente como eu fiz (com meus "dotes" em arte gráfica), mas o conceito geral deve ser esse.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Romance Polifônico

Hoje foi dia de orientação com o professor querido Thiago Soares. Aliás, uma reunião conjunta com os amigos Felipe Ramelli e Maria Livia Cunha do livro-reportagem Cinco Jantares. Como sempre que sentamos para conversar sobre os TCC's, foi muito proveitoso. Entreguei para Thiago tudo o que já escrevi até agora para ele me devolver amanhã.



Com o produto (livro) em reta final, começamos agora a nos preocupar com outra etapa: o relatório. Ele é estruturado em forma de artigo científico e lá se colocam os relatos de experiência junto ao embasamento teórico da coisa toda. A importância desse segundo trabalho é mostrar para nós, alunos, que a universidade não serve apenas para ensinar a técnica e como elaborar um produto jornalístico, mas também para nos fazer refletir sobre o processo da comunicação e as repercussões possíveis dele.


Thiago diz que o que eu estou escrevendo tem nome e se chama "Romance polifônico". O livro se estrutura basicamente em cima de quatro vozes: o Políbio Alves poeta (fragmentos de Varadouro), a autora ficcionista (meus contos com "linguagem literária"), a autora jornalista (meu discurso com "linguagem jornalística") e Políbio Alves por ele mesmo (depoimentos do escritor em 1ª pessoa). Preciso pesquisar sobre esse gênero com urgência. Se alguém que estiver lendo esse blog tiver sugestões de bibliografia, por favor cite nos comentários!

Adianto aqui a estrutura que o livro terá (e o status de como está o andamento do meu trabalho):

* Apresentação (por fazer)
* Capítulo I: O TREM (feito)
* Capítulo II: O RIO (feito)
* Capítulo III: A RUA (feito)
* Capítulo IV: A FÉ (feito)
* Capítulo V: O REINO (feito)
* Capítulo VI: O SONHO (pela metade)
* Capítulo VII: O EXÍLIO (por fazer)
* Epílogo (por fazer)

Lembrando que cada capítulo é composto por um fragmento de Varadouro + um conto meu + o texto da reportagem intercalado com depoimentos do personagem

Nova missão: preciso escolher a foto da capa. Detalhe, eu tenho mais de 800 opções e está sendo dificílimo.

domingo, 23 de outubro de 2011

Hotel Luzo-brasileiro e Hotel Globo


Hotel Globo ainda em funcionamento (foto exposta em painel no Hotel Globo)

Um trecho do quarto capítulo, que fala sobre os hotéis da década de 50. Abaixo, mais fotos do ensaio feito no último domingo!

***

Nem só de cabarés vivia o Varadouro. Além do abundante comércio, a Rua Maciel Pinheiro e seu entorno abrigavam hospedarias diversas que acolhiam os viajantes que chegavam à Capital para fazer negócios. As ruas Visconde de Inhaúma, da Viração (atual Gama e Melo), dos Ferreiros (atual João Suassuna) e da Areia reuniam a maior parte dessas pequenas pensões. O centro da cidade concentrou o setor hoteleiro do final do século XIX à década de 70, quando a orla litorânea passou a ser mais interessante comercialmente.
O quartinho que Políbio ocupava com a mãe, Dona Luzia, ficava localizado na Rua Cinco de Agosto, próximo à Praça Álvaro Machado, que, por sua vez, ficava em frente ao Porto do Capim. O logradouro era também chamado de Largo das Gameleiras e Praça da Sopa, por concentrar a frota de carros, as “sopas”, que transportavam passageiros para o interior do Estado. Nesta praça foi instalado em 1916 o Hotel Luzo-brasileiro, do qual hoje resta apenas a fachada em ruínas. Também chamado de Hotel do Norte, era pouso de caixeiros viajantes, propagandistas e toda sorte de pequenos negociantes nos anos 50.
O Luzo-brasileiro juntamente ao Hotel Globo eram os lugares mais distintos para se hospedar em visita à capital paraibana nas primeiras décadas do século XX. O Globo era propriedade do empresário Henrique Siqueira, “Seu Marinheiro”, e ocupava desde 1928 um prédio de estilo neoclássico no Largo de São Pedro Gonçalves, cujo salão principal era decorado com cristais tchecos e porcelana inglesa. A Paraíba atravessava tempos prósperos com o comércio do algodão, que passou a ser chamado “ouro branco”. No Hotel Globo se acomodavam os poderosos coronéis do sertão, políticos e empresários de outros estados e países.
Em 1953, Políbio Alves tinha doze anos. Por essa época quem administrava o hotel já não era mais Seu Marinheiro, mas seu filho Aguinaldo Siqueira – Guinô. A desativação do Porto do Capim em detrimento da inauguração do Porto de Cabedelo arrastava o Varadouro para a decadência pouco a pouco desde o final dos anos 30. O Hotel Globo sentia a mudança: já não ostentava o luxo de outrora, ainda mais contando com a concorrência do Paraíba Palace Hotel, maior e mais moderno.

Salão principal (foto grande); Seu Marinheiro e esposa; Aguinaldo Siqueira; moça sentada no jardim do hotel. (Fotos expostas em painel dentro do Hotel Globo)

Antiga residência da família Siqueira (foto: Cecília Lima)

Políbio Alves em frente ao Globo (Foto: Cecília Lima)

Ruínas do Hotel Luzo-brasileiro (foto: Cecília Lima)

Detalhe da fachada (foto: Cecília Lima)

sábado, 22 de outubro de 2011

Anjos e demônios do Varadouro

Em nossas conversas, Políbio citou várias vezes um curta metragem produzido pelo professor Jomard Muniz de Britto, chamado Anjos e Demônios do Varadouro, feito em 1994. Políbio não tinha nenhuma cópia do vídeo para me emprestar e eu, apesar da curiosidade, protelei a busca desse filme pois havia coisas mais urgentes para pesquisar.
Eis que nesta madrugada, eu estava trabalhando no TCC e decidi fazer uma busca no lugar mais óbvio que poderia existir: o site do Youtube. Lá estava ele, Anjos e Demônios do Varadouro, na íntegra. Assisti no mesmo instante as quatro partes do filme.
Ao contrário do que eu imaginava, o curta não é um documentário. É mais um vídeo experimental, na qual podemos ouvir o próprio JMB recitando o poema-épico Varadouro, do início ao fim. Ilustrando isso, vemos imagens da Ponte do Baralho, do rio Sanhauá, comunidade do Porto do Capim, Rua Maciel Pinheiro etc.
Destaco aqui a presença do próprio Políbio Alves, que já aparece no comecinho do vídeo e em outras partes também. Também é interessante, para quem conhece o centro histórico de João Pessoa, observar as mudanças daquele cenário. O Hotel Globo e o Largo de São Pedro Gonçalves bem diferentes da restauração. Ver aquilo tão acabado em 1994 e o lugar lindo que é hoje mostra que, tendo vontade, dá sim para recuperar aquela área antiga, por pior que esteja a sua situação.
O vídeo tem muitas alegorias que não enxergo significado. Não faz o tipo de cinema que eu aprecio, mas é traz imagens belíssimas e é um bom registro. É apenas uma opinião minha, isso não desmerece a obra.

PARTE I: http://www.youtube.com/watch?v=Lk00oIYpIcU
PARTE II: http://www.youtube.com/watch?v=IXcOejEE7fc&feature=related
PARTE III: http://www.youtube.com/watch?v=tWb10S7BcHE&feature=related
PARTE IV: http://www.youtube.com/watch?v=MwPlR1pF2l0&feature=related

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ensaio fotográfico




O último domingo (16) foi um dia muito produtivo para o TCC. Nós fizemos um ensaio fotográfico com Políbio no Varadouro. Quando digo "nós" estou fazendo referência a mim e ao meu querido pai que me acompanhou nesta manhã, prestando seus serviços de motorista, diretor de fotografia e palpiteiro.

Tivemos uma ótima manhã. Pegamos Políbio na sua casa e fomos pro Centro, onde passeamos bastante de carro, por várias ruas antigas. A primeira parada já foi, de cara, o momento mais emocionante. Chegamos à Maciel Pinheiro (já falei aqui sobre a importância dessa rua no livro) e fomos procurar a rua em que ele morou quando criança.

Acontece que Políbio jurava que a rua tinha sido destruída e que a casa não existia mais. Mas descobrimos que não. A rua Cinco de Agosto existe sim, e fica exatamente onde eu já suspeitava. Achamos, inclusive, a casinha onde ele viveu de favor com a mãe, Dona Luzia. Ele se emocionou nesse instante, pois não passava por aquele lugar há mais de 50 anos. Do local, hoje resta apenas uma pequena fachada com a porta lacrada com tijolo e concreto. Uma sensação muito grande de degradação. Ficou uma situação um tanto desconfortável no primeiro instante, mas eu e papai fomos conversando com ele e ele se soltou mais. Visitar o Varadouro junto com ele foi inesquecível, ver de perto coisas que tinhamos conversado antes.

Do ponto de vista técnico foi uma experiência muito boa. Tirei aproximadamente 800 fotografias com o novo brinquedinho daqui de casa: uma câmera Nikon D90. Ainda estou aprendendo a manusear a câmera, por isso tirei muitas fotos, pelo menos umas dez vão ter que prestar! rsrsrs

Posto abaixo algumas fotos (vou colocá-las pequenas, pois existem pessoas de má fé que copiam e não creditam e isso me deu trabalho pra fazer)










Depois vou postando outras!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

FOTOS

Só pra não deixar o blog às moscas...



Algumas fotografias de Políbio em diferentes fases da vida, que podem ou não entrar no livro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Rua




Eu já disse aqui que a Rua Maciel Pinheiro é um dos lugares mais importantes para a poética de Políbio e, consequentemente, para meu livro. Lendo sua obra, é possível observar que esta rua e seus elementos são uma constante. Paralelamente ao depoimento de Políbio, memória afetiva do personagem, estou pesquisando sobre a rua em si, sua história etc.


Posto abaixo um fragmento de minhas anotações com informações que já consegui apurar em artigos científicos, sites, livros de história da Paraíba e matérias jornalísticas (além de depoimentos de outros moradores de João Pessoa também):


A Rua Maciel Pinheiro recebeu esse nome no início do século XX, em homenagem ao paraibano Luís Ferreira Maciel Pinheiro, jurista formado pela Faculdade de Direito do Recife e jornalista partidário do abolicionismo. Maciel Pinheiro se alistou como voluntário nas tropas brasileiras que lutaram na Guerra do Paraguai. No Brasil, foi ferrenho defensor da queda da monarquia, mas não chegou a assistir à Proclamação da República, morreu seis dias antes.
O nome do filho ilustre foi dado a uma das principais vias da capital, a então chamada Rua do Comércio. Até a década de 50, concentravam-se ali os principais bazares da cidade como a conceituada Alfaiataria Griza, onde era ditada a moda no vestuário dos pessoenses. Lojas famosas de todo tipo de mercadoria: tecidos, calçados, jóias, papelarias, tabernas, farmácias, boticários e também oficinas de carpintaria e vidraçaria, dentre outras especificidades.
No século XIX e início do século XX era comum que o comerciante residisse no pavimento superior de seu estabelecimento. Os sobrados de primeiro andar eram construídos e decorados com requintes arquitetônicos de matrizes européias. Esses casarões tinham eira, beira e sobreira – também chamada de tribeira – detalhes nas bordas dos telhados que conferiam ao proprietário seu status correspondente. Os mais abastados tinham várias alegorias chamadas de sobreiras. Os imóveis dos menos ricos apresentavam detalhes chamados beiras; os de médio poder aquisitivo, apenas eiras. Aqueles que não tinham “eira nem beira” atestavam sua incapacidade de prover dignamente uma esposa e eram descartados.
Antes, porém, de ser nomeada Maciel Pinheiro, a via que une a Rua da República e a Praça Anthenor Navarro teve outros nomes. Durante o Segundo Império foi chamada de Rua Conde D’Eu, em alusão ao militar e consorte casado com a Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II. Antes disso, a rua já mostrava indícios de sua sina: em meados do século XVIII era denominada Rua das Convertidas, por acolher uma espécie de abrigo mantido pela Igreja Católica com a finalidade de “tratar” através de penitências e muitas orações as “mulheres de vida fácil” que desejassem se redimir.



Continuem acompanhando!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

RETRATOS

Alguns retratos da coleção de Políbio Alves:


































Da cima para baixo:



Políbio Alves por David Barbosa; Caricatura feita por um artista de rua em Havana; Retrato feito por um aluno do 4º ano da rede municipal de ensino; Políbio Alves por Elpídio Dantas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Reportagem na Tv Cabo Branco

Políbio Alves foi tema de uma matéria veiculada hoje no Bom Dia Paraíba, da TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo no estado. A reportagem é de Rosângela Marques.

Assistam!

http://g1.globo.com/videos/paraiba/v/talentos-da-paraiba-conheca-mais-sobre-polibio-alves/1647109/#/Todos%20os%20Vídeos/page/1



PS.: deixo o link, pois o vídeo não está no youtube.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Brasil e a (falta de) Educação

Eu peço licença hoje para escrever sobre um tema que será abordado sutilmente no livro, mas que não tem relação direta com a história narrada. Qual o fundamento dos principais problemas sociais do nosso país? Porque o Brasil é atualmente a vanguarda econômica da América Latina, mas em termos de educação está atrás de países diminutos como o Uruguai ou Chile. Há quem diga que as proporções continentais dessas terras dificultam a gestão da Educação, mas será que é apenas isso mesmo?
A História nos dá pistas. Em 28 de outubro de 1538 era fundada no território que hoje corresponde à República Dominicana a Universidad Autónoma de Santo Domingo, a primeira fora da Europa. Depois vieram mais centros acadêmicos: San Marcos, no Peru (1551), México (1553), Bogotá (1662), Cuzco (1692), Havana (1728) e Santiago (1738). Enquanto isso, durante o período colonial, as universidades eram proibidas por legislação específica no Brasil, assim como a imprensa. Apenas em 1808 – quando a família real foi obrigada a fugir para a colônia que ela considerava o banheiro de Portugal – o ensino superior foi legalizado.
Vejamos aí quanto séculos de atraso esse lugar sofreu. Quase trezentos anos. Em princípio, o Brasil foi vítima do colonialismo predatório dos portugueses que, além de sugar tudo o que havia aqui e não ter a menor intenção de investir no território, proibiu a criação de universidades públicas ou privadas. É aquela conhecida política de jogar sal na terra para que nada floresça ali. Concordam?
Os erros, entretanto, não pararam por aí. Sofrer com a exploração das metrópoles todas as colônias da América Central e do Sul sofreram e por que outros lugares se desenvolveram mais que o Brasil? Tudo uma questão de prioridades, como diria uma amiga. Educação nunca foi assunto primordial na agenda do governo brasileiro. E o que mais irrita nisso tudo é a pompa e arrogância do nosso país que, literalmente, dá as costas aos seus companheiros de continente, acha-se superior, e não percebe quão atrasado está em relação a eles.
Este ano, Buenos Aires foi eleita pela Capital Mundial do Livro. Estava concorrendo com Caracas, Lagos (Nigéria), Havana, Porto Novo (Benin), Sharjah (Emirados Árabes) e Teerã. Vejam só. Pesquisas mostram que os argentinos lêem quatro vezes mais que os brasileiros. Ligue a TV, leia o jornal, acesse os portais de notícias. O resultado disso está lá. Todos os dias há protestos públicos na Plaza de Mayo. As pessoas não aceitam tudo caladas, elas têm disposição para lutar pelo que acreditam ser melhor pra nação delas e tudo isso converge para um simples fato: educação. Informação tem poder.
O México publica livro a preços extremamente acessíveis e em grande quantidade. Com centavos é possível adquirir um exemplar digno. No Brasil o mercado editorial é vergonhoso. A literatura de qualidade disponível em português que atende a cursos universitários é irrisória, pouca variedade e caríssima. Procure saber quanto custa um livro de Medicina, por exemplo. Publicar um livro aqui, então, é uma via crucis, muitos teimosos se aventuram a fazer isso por conta própria e acabam estocando seus livros em casa porque falta leitor.
E falta leitor por quê? Por que no Brasil é mais admirável ser bonito que ser inteligente. Por que se prolifera a cultura da esperteza e não do esforço. A verdade é essa. Eu, humildemente, quero trazer no meu livro uma mensagem. Esse livro que nem sei se um dia vai chegar a ser vendido numa livraria – pelas várias razões que já citei nesse texto.
A mensagem que eu quero passar é a que Políbio me transmitiu desde a primeira vez que conversamos. Conhecimento tem poder. Eu ouvi esse homem dizer que foi praticamente um mendigo e que não se tornou um marginal porque viu nos livros uma tábua de salvação. Assim, sem dinheiro, sem ser apadrinhado por ninguém, sem apelar para a venda do próprio corpo, ele conseguiu conquistar um emprego digno e respeitabilidade.
Enquanto o Brasil colocar a Educação e a formação de boa qualidade em segundo plano, enquanto cassar diplomas de curso superior como fizeram com o da minha profissão, seremos um país de alienados. Massa de fácil manipulação.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Curtas

Estou meio sem tempo para posts longos, pois todo o meu tempo está canalizado para escrever o livro. Deixo aqui algumas observações, para quem está acompanhando o blog:

* Já estou com três capítulos escritos. Estou dando uma ajustada no terneiro, mas a grosso modo está pronto!

* Vou tentar marcar a visita ao Varadouro + sessão de fotos com Políbio para o dia 16 de outubro

* A gráfica Livro Rápido em Olinda demora cerca de 10 dias para fazer os livros. Assim sendo, precisarei mesmo terminar tudo até o final de outubro, pois antes da impressão é preciso diagramar e fazer a arte do livro.

* Quase todos os dias me aparecem gratas surpresas que ajudam a colocar esse TCC para frente. Hoje, por exemplo, descobri que minha colega de redação Lindjane Pereira fez sua monografia sobre jornalismo literário, mais que isso: trata-se de um longo estudo sobre a BIOGRAFIA como sub-gênero do Jornalismo Literário! Melhor impossível, não? Já estou com de posse dela e vou ler o quanto antes, vai me ajudar a escrever o relatório com o referencial teórico.

PS.: Eu peço a todos que visitam o blog que VOTEM na enquete sobre o título do livro. Sério, estou bastante em dúvida e opiniões externas podem ajudar. Também é possível sugerir um título (Faça isso deixando um comentário em qualquer tópico ou mandando a sugestão para ceciliaxlima@gmail.com)

PS.: Também peço que COMENTEM no blog, nem que seja um " :) ". Saber que eu tenho uma audiência, por menor que seja, estimula a escrever mais.

Beijos!

sábado, 24 de setembro de 2011

Primeiros capítulos e O Que Resta dos Mortos

Acho que agora peguei, de vez, o embalo. A parte de apuração foi cansativa. Entrevistas e transcrições tomaram muito tempo e eu já estava ficando preocupada com o prazo final. Mas vejo agora que está dando tudo certo. De posse das informações necessárias, a escrita está fluindo bem. Já tenho um esboço (mental) do que cada capítulo vai tratar. Hoje, tenho o primeiro capítulo concluído e estou redigindo o segundo. Importante: já sei como o livro vai terminar!

Estou animada e tendo várias ideias. Vez por outra faço anotações no meio da rua, dentro do ônibus... As ideias estão se desenvolvendo, ainda bem. Aquele meu esquema de escrever a parte literária primeiro e a jornalística depois furou. Eu mesma me sabotei. Estou escrevendo o texto corrido mesmo.

Eu já falei isso aqui, mas não canso de repetir o quão fascinante a história de Políbio é. Digna de um romance, de fato. Meu intento é bem mais humilde, não almejo ser uma biógrafa dele. Gostaria muito que alguém um dia filmasse essa história. Enquanto escrevo o livro, imagino-o como um filme. Cena a cena, muitas vezes. Vou tentar transmitir um pouco dessa narrativa "fílmica" no livro. Vamos ver no que vai dar.

***

Uma outra coisa está me ajudando a escrever, além das quatro horas de entrevista. No nosso último encontro, Políbio me deu O Que Resta dos Mortos de presente. Esse foi o primeiro livro que ele publicou na vida. Eu nunca tinha lido a prosa do escritor, e, confesso, demorei um pouco a me acostumar.

O primeiro impacto é em relação ao formato. Parece-me que Políbio escreve como fala, apressadamente. O autor não se prende aos formalismos gramáticos de nossa língua. Coloca vírgulas onde bem entende, faz economia de pontos e estende os períodos a frases de muitas linhas. Parágrafos? Às vezes leio mais de cinco páginas sem ver um. Esse estilo, com o tempo, o leitor se adapta.

O conteúdo causa estranhamento maior, eu diria. Não tem pudor, nem tabus ao falar de sexo, prostituição, taras. Mas é de uma elegância que eu raramente li. Roselis Batista Ralle, a linguista de quem eu já falei aqui, diz que a literatura de Políbio é de uma sensualidade sutil que até o Papa pode ler.

Quando, em nossas conversas, Políbio falava que gostava de espantar o leitor, ele estava sendo verdadeiro. Quando falava também que não gosta de entregar os fatos de mão beijada, também estava sendo verdadeiro. Os seus contos nunca são determinantes, sempre deixam no ar a dúvida se aquilo realmente é o que você está supondo e mais: se aquilo, de fato, aconteceu com ele, já que escreve em primeira pessoa. Algumas coisas, acredito, sejam auto-biográficas, outras eu tenho dúvidas. Dúvidas, quanto mais eu leio O Que Resta dos Mortos mais as tenho!
Fragmento do primeiro conto do livro ("Exposição do Corpo"):
[...]
"Ou talvez, me conduzisse àquela hora ao camuflado formigueiro da minha pele onde descubro que é preciso urgentemente repelir suas mãos pousadas sobre as minhas - espécie de bruxa, sem qualquer clemência à ereção do meu corpo - habitualmente amestradas, às escondidas, ali mesmo, na rusticidade dos meus pêlos, porventura mais sedosos de suor. E trêmulos. Tudo matéria de solidão. E mais, às voltas, toda essa parafernália de cacoetes. Assim, os lábios molhados de cuspe, soltando a língua na enxurrada de palavras obcenas. Essas, tão intensas, para que a minha subterrânea e enorme tristeza não se convulsione implacável sobre as criaturas."
A leitura não é fácil, mas me mantém presa. E surpresa, sempre.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fotografias


Ao mesmo tempo em que estou escrevendo o livro, estou também pensando no aspecto "plástico" da coisa. (A "coisa" é o livro!). Sei que o produto será formado por texto e imagens. Quero colocar uma parte com fotos de Políbio e do Varadouro no miolo do livro-reportagem, além da capa, é claro, já estou tendo algumas ideias nesse sentido.

A respeito das fotografias: eu devo registrar aqui que sou muito fã dos meus colegas de trabalho repórteres fotográficos do jornal O Norte: Alessandro Assunção, Fabyana Mota e Ovídio Carvalho. De modo que hoje eu entrei em contato com o banco de imagens dos Diários Associados, o DA Press, para saber qual o procedimento (e preço!) de algumas fotografias. A resposta foi animadora, dependendo da quantidade de fotos o preço vai baixando. O fato de eu ser funcionária da empresa rende também uns 20% de desconto. Bom, né?

Estou escolhendo algumas fotos, para enviar a proposta para eles e ver por quanto fica. Prefiro fazer tudo assim dentro da lei para não ter problemas posteriores se o livro, por acaso, vier a ser comercializado (brinca!)

Abaixo, coloco algumas fotos que consegui com o próprio políbio, de seu acervo pessoal:


















FOTOS: Políbio Alves aos 16 anos; Dona Luzia, sua mãe; Passeata em protesto à morte de Edson Luís; Políbio Alves, formando de Administração pela UFRJ








quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"O conhecimento tem poder"


Uma passagem da minha entrevista:

“O saber, o conhecimento tem poder. Porque não tem governo nesse mundo que tome, nem a morte derruba. Eu descobri isso muito cedo. E foi isso que me manteve de pé nas horas difíceis e me mantém até hoje, essa é que é a verdade.”

(Políbio Alves)

(FOTO: internet)

Primeira etapa vencida

Olá, leitores (eu tenho algum? Manifestem-se!)


Tenho o prazer (imenso) em registrar aqui que consegui terminar as trancrições das entrevistas. Foram ao todo quatro horas de conversas intensas gravadas. Preciso ressaltar uma característica, maravilhosa por sinal, de meu personagem: Políbio fala muito e muito rápido. Isso significa dizer que nessas quatro horas de papo há muita coisa dita.


Nesses últimos dias tenho sentido muita dor nas mãos. Por causa da digitação em casa e no trabalho, acredito. Mas não é nada alarmante. É mais um desconforto, por enquanto, e que se resolveu com um tensor e um pouco de pomada. Espero que não se agrave porque ainda há muito a se escrever - nesse trabalho e na vida, né?

Voltando ao assunto desse post: estabeleci como metas para mim o seguinte roteiro de 10 passos:

1 - Apuração: colher os depoimentos do personagem central (Isso foi feito nos dias 10 e 17 de setembro, em que estive na casa dele, entrevistando-o)
2 - Transcrição: passar para o papel tudo o que foi conversado, sem grandes preocupações com formatação (Isso foi feito gradativamente nas últimas semanas. Durou até mais tempo do que gostaría, mas apareceram imprevistos que me impossibilitaram de correr com isso)
3 - Blocar os temas: dividir as falas do entrevistado de acordo com o assunto abordado (pendente)
4 - Textos literários: escrever TODOS os contos que integrarão o livro (explicarei mais sobre isso em posts futuros. Já existe um feito!)
5 - Textos jornalísticos: escrever os capítulos essencialmente jornalísticos (pendente)
6 - Fotografia: marcar com o Políbio uma visita ao Varadouro e sessão de fotos. É essencial visitar o cenário com o personagem (pendente - provavelmente será na primeira quinzena de outubro)
7 - Edição: o texto final passará pelo crivo do orientador e do personagem. Sim, pretendo pedir a aprovação dele, pois coisas íntimas serão expostas e preciso saber se podem ser divulgadas.
8 - Editoração: encontrar um designer que possa fazer a capa e o miolo do livro e prepará-lo para a impressão.
9 - Impressão: Pretendo mandar o livro para a impressão nos primeiros dias de novembro, sem falta.
10 - Relatório: Sim, acreditem, além de escrever um livro eu preciso redigir também um relatório da experiência em um formato meio parecido com uma monografia. Sinceramente não estou tão preocupada com isso. Acho que depois de escrever um livro, isso será o de menos. Trabalho chato, mas que não assusta. Quero chegar ao dia 22 de novembro tranquila e serena na coordenação do curso entregando tudo isso. Mãos à obra! É uma jornada de louco.



OBS.: Decidi escrever a parte literária separada da jornalística por um motivo bem pessoal. Quero aproveitar a inspiração do dia para fazer o máximo de ficção possível. Há dias em que eu estou com o texto mais solto pra isso e é bom aproveitar.


Ao passo que, há dias em que estou mais burocrática e menos "poeta" (Rá!), então escrevo a parte "séria" da coisa. Isso se chama auto-conhecimento rsrsrs Vamos ver se funciona.




Só digo uma coisa, agora que estou de posse das informações necessárias, estou animada e ansiosa para começar a escrever. Juro que se eu pudesse passaria o dia nisso, mas preciso dormir, comer e trabalhar. E trabalhar dá trabalho! Ah, meus tempos de estudante apenas... :)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Políbio colecionador

Além de amante da Literatura, descobri outra característica de Políbio em visitas à sua casa. Ele é também um grande admirador das artes plásticas, sobretudo de pintores paraibanos. Lá eu encontrei obras de Clóvis Júnior, Elpídio Dantas, Lacet, Hermano José, Flávio Tavares, do pernambucano radicado em João Pessoa Miguel dos Santos, além de artistas cubanos, peruanos etc. Coloco abaixo algumas imagens que captei por lá.


"Pinacoteca" de Políbio



Lembram do poema Recado que postei há uns dias? "Deixe as telas de Lacet, os poemas de Lorca, os discos de Caetano". Eis aqui um dos primeiros desenhos do paraibano Alberto Lacet.

Uma tela de Lacet

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

FOTOGRAFIAS

Fotografei, em 2009, alguns pontos da cidade que serão citados no livro-reportagem. Ainda não sei se usarei essas fotografias no produtos final, mas resolvi postá-las no blog, pois ilustram bem a temática Varadouro e o autor Políbio Alves. (Obs.: todas as imagens são de minha autoria e foram captadas com uma câmera digital compacta dessas comuns mesmo)


***






Rio Sanhauá visto do mirante do Hotel Globo, crepúsculo. Não precisa de descrição, é o personagem principal do livro Varadouro, o herói de muitas faces, em cujas margens foi fundada a Cidade de Nossa Senhora das Neves


Sobrados da Praça Anthenor Navarro, à noite. Em Varadouro, o lugar é chamado de Paço Imperial, pois o imperador Dom Pedro II andou por aí quando esteve de passagem na Paraíba.


Paraíba Palace Hotel na noite de reinauguração do Ponto de Cem Réis. Políbio trabalhou aí dos 12 aos 18 anos, quando o hotel era propriedade da família Minervino. Hoje se encontra abandonado.


Liceu Paraibano. O educandário mais tradicional do estado. Aí, Políbio cursou o 1º e 2º anos do Clássico, até se mudar para o Rio de Janeiro. No Liceu, ele venceu o seu primeiro concurso com o conto "As estátuas subterrâneas", fortes influências de Sartre.


Uma "boate" da Rua da Areia. Até a década de 60, a cidade baixa era o reduto da boemia. Poetas, prostitutas e bêbados. Até hoje a área ainda abriga alguns cabarés, mas não tem mais o "glamour" de antigamente.



Ladeira de São Francisco. Essa foi a primeira rua calçada da cidade. Ela sai do páteo da igreja de São Francisco e desce até quase chegar na Anthenor Navarro.



A Casa da Pólvora. Uma fortificação de onde se observava se vinham invasores pelas águas do Sanhauá. A casa já abrigou um famoso bar na década de 90. Atualmente se encontra com um pequeno acervo de fotografias e o subterrâneo está abandonado.



Varadouro. A torre da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves vista da Casa da Pólvora.



Varadouro. A mesma visão, agora acrescentando um pedacinho do rio Sanhauá.






Igreja de São Francisco. Um dos complexos barrocos mais importantes do mundo.




Ladeira de São Frei Pedro Gonçalves. Essa ladeira sai do Largo de mesmo nome e desde até a linha do trem, passando pela frente do Hotel Globo.



Ladeira de São Frei Pedro Gonçalves. A mesma ladeira só que vista de outro ângulo. De baixo para cima. No alto, avista-se o antigo Hotel Globo, citado no livro Varadouro, gerido por Seu Guinô Siqueira.




Armazém de Secos e Molhados. Este, no pé da ladeira de São Frei Pedro Gonçalves é um dos vários armazéns citados por Políbio em sua obra. Lá o cheiro insosso da charque se misturava ao dos grãos e temperos.




Os fundos da antiga Alfândega. A construção se encontra deteriorada e passando por restauração. A alfândega, Políbio conta, era para ele sinônimo de "lugar importante", onde os homens iam sempre de terno. Aí por perto morava um preto velho rezadeiro do qual o poeta gostava quando era criança.




A linha do trem. Trecho perto da Alfândega onde há a linha do trem que vai para Cabedelo. O meio de transporte ainda está ativo, mas já não é mais tão utilizado como antigamente.