terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Rua




Eu já disse aqui que a Rua Maciel Pinheiro é um dos lugares mais importantes para a poética de Políbio e, consequentemente, para meu livro. Lendo sua obra, é possível observar que esta rua e seus elementos são uma constante. Paralelamente ao depoimento de Políbio, memória afetiva do personagem, estou pesquisando sobre a rua em si, sua história etc.


Posto abaixo um fragmento de minhas anotações com informações que já consegui apurar em artigos científicos, sites, livros de história da Paraíba e matérias jornalísticas (além de depoimentos de outros moradores de João Pessoa também):


A Rua Maciel Pinheiro recebeu esse nome no início do século XX, em homenagem ao paraibano Luís Ferreira Maciel Pinheiro, jurista formado pela Faculdade de Direito do Recife e jornalista partidário do abolicionismo. Maciel Pinheiro se alistou como voluntário nas tropas brasileiras que lutaram na Guerra do Paraguai. No Brasil, foi ferrenho defensor da queda da monarquia, mas não chegou a assistir à Proclamação da República, morreu seis dias antes.
O nome do filho ilustre foi dado a uma das principais vias da capital, a então chamada Rua do Comércio. Até a década de 50, concentravam-se ali os principais bazares da cidade como a conceituada Alfaiataria Griza, onde era ditada a moda no vestuário dos pessoenses. Lojas famosas de todo tipo de mercadoria: tecidos, calçados, jóias, papelarias, tabernas, farmácias, boticários e também oficinas de carpintaria e vidraçaria, dentre outras especificidades.
No século XIX e início do século XX era comum que o comerciante residisse no pavimento superior de seu estabelecimento. Os sobrados de primeiro andar eram construídos e decorados com requintes arquitetônicos de matrizes européias. Esses casarões tinham eira, beira e sobreira – também chamada de tribeira – detalhes nas bordas dos telhados que conferiam ao proprietário seu status correspondente. Os mais abastados tinham várias alegorias chamadas de sobreiras. Os imóveis dos menos ricos apresentavam detalhes chamados beiras; os de médio poder aquisitivo, apenas eiras. Aqueles que não tinham “eira nem beira” atestavam sua incapacidade de prover dignamente uma esposa e eram descartados.
Antes, porém, de ser nomeada Maciel Pinheiro, a via que une a Rua da República e a Praça Anthenor Navarro teve outros nomes. Durante o Segundo Império foi chamada de Rua Conde D’Eu, em alusão ao militar e consorte casado com a Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II. Antes disso, a rua já mostrava indícios de sua sina: em meados do século XVIII era denominada Rua das Convertidas, por acolher uma espécie de abrigo mantido pela Igreja Católica com a finalidade de “tratar” através de penitências e muitas orações as “mulheres de vida fácil” que desejassem se redimir.



Continuem acompanhando!

Um comentário:

  1. Ceci, deixa eu te confessar uma coisa: eu adoro conhecer a história. A história de tudo me interessa, seja do país, da cidade, do estado ou do mundo. Deve ter alma de historiadora. Historiadora fajuta, pois, atualmente, minhas pesquisas se resumem ao Google. Quando tenho tempo, seleciono um tema e passo horas lendo sobre ele no Sr. Google. kkkkk...
    Eu até já tinha lido algo sobre a Rua Maciel Pinheiro.
    E também adoro saber a origem dessas expressões populares que traduzem tanto de um povo. Essa do "sem eira nem beira", eu sempre achei o máximo. Aprendi o significado, quando fui a Olinda.
    Bjos!!
    Juliana Almeida
    www.blogdabebel.com.br

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