segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Recado"

Eu ainda estou transcrevendo o áudio da primeira entrevista (mais de 2 horas). É um processo lento e chato, porém necessário. Isso vai facilitar a busca pelas informações na hora de escrever. Enquanto estou fazendo isso, não tenho muita coisa para contar. Então vou deixar aqui um poema de autoria de Políbio Alves que está no livro Exercício Lúdico - Invenções e Armadilhas e também, obviamente, na versão em inglês Emotional Training - Creations anda traps que ele me deu de presente quando o visitei e eu já li.
A obra de Políbio me surpreende cada vez mais. Eu disse isso a ele. Todas as vezes que leio Varadouro descubro novos detalhes. Meu "deslumbramento" tem se estendido aos outros trabalhos dele, que não são épicos. Lendo Exercício Lúdico, eu descobri, por exemplo, um poeta sensível às pequenas coisas do cotidiano, um observador. A linguagem, ora rebuscada, pode se tornar plenamente simples em um "virar de página".
Deixo abaixo um poema de Políbio que me conquistou de cara e me fez lembrar, inevitavelmente, de um outro poeta brasileiro, pernambucano, de que eu gosto muito: Manuel Bandeira.


Recado

Rasgue o lençol de linho,
a calça jeans, a cortina de cetim
Quebre os pratos de cerâmica,
o rádio a pilha, o abajur
Fique com o cordão de ouro, as lentes Ray Ban,
a chave do apartamento, o cheque azul
Deixe as telas de Lacet,
os poemas de Lorca,
os discos de Caetano.


Message

Tear the linen,
the blue jeans, the satin curtain,
break the ceramic dishes, the
portable radio, the lamp shade
Keep the golden necklace, the Ray-ban lens,
the flat's key, the blue check-book, leave
the Lacet's paintings, the Lorca's
poems, the Caetano's records.

Nenhum comentário:

Postar um comentário